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terça-feira, 20 de maio de 2008

Fé: uma força sintrópica

Pelos ferozes princípios ora vigentes da entropia, das leis de Murphy, da selva, de Gerson (e tantas mais quantas você puder listar na cabeça), a vida é uma espiral crescente de desagregação, futilidade e falta de sentido. Com efeito, a presente “ordem” de coisas compõe um lúgubre testemunho de até que ponto o ser humano pode degradar-se, alienado de Deus, do seu próximo e de si próprio. Isso me lembra um livro que li há muito tempo, O homem em busca de si mesmo, de Rollo May (Ed. Vozes), que já apontava o vazio como o drama do homem moderno.

As conquistas materiais abundantes desta era, a muita quantidade de oportunidades para o prazer, as batalhas sem fim por dinheiro, poder e fama — nada disso revelou-se capaz de proporcionar alguma satisfação permanente, ou um ideal de vida. As ideologias caíram por terra, dando lugar, em definitivo, a crises institucionalizadas de valores, cristalizadas e banalizantes. As filosofias tentam em vão fornecer respostas, mas a sensação geral é de que a vida vai ficando, paulatinamente, mais furada que queijo suíço. As tecnologias prometeram mais tempo livre, de qualidade, mas omitiram a parte do stress, do spam, do desemprego e do insano workaholism. Tudo que paira sobre nós é esta espiral de questões abertas num cenário absurdamente caótico, subjetivo, imprevisível e sem coesão.

O problema evidentemente não é o progresso, mas a falta de uma força que o subordine aos interesses mais elevados do homem, conferindo ordem, beleza, propósito e plena expressão às suas ações e conquistas, preenchendo os buracos do queijo de cada um, em cada lugar e em todos os aspectos da vida. Essa força, para o cristão, só pode ser o evangelho. Só pode vir de um lugar: a cruz de Cristo. Só pode agir de uma forma: pelo amor que o Senhor derramou nos corações dos crentes. Quando Ele disse: “Vós sois o sal da terra”, referiu-se ao poder transformador do seu evangelho sobre a sociedade, uma influência moral, cultural e espiritual que dá sabor à vida, como o sal à carne. O cristianismo, então, é uma fé missionária e sintrópica. Missionária porque visa a encher toda a terra do conhecimento de Cristo, destronando os bezerros de ouro e o ouro dos bezerros. Sintrópica porque se opõe à desordem, ao mal, à dor, à inimizade, à injustiça e ao engano, colando os cacos e preenchendo os furos. O resultado disso é a perfeita paz com Deus, com o próximo e com nós mesmos — uma paz de valor inestimável e efeito duradouro: a alegria e sensação inefável de que tudo vai ficando, surpreendentemente, em seu devido lugar.

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